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quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Ministério usará acordo mundial para combater consumo de bebidas alcoólicas.


Brasília Confidencial de 23/11/2009

Fim de feriadão para boa parte do país, hoje é dia do sempre trágico balanço da violência nas ruas e estradas. Será contabilizada a morte de dezenas de pessoas. Centenas de feridos lotarão os pronto-socorros dos hospitais públicos e, como a cada semana, o atendimento a eles custará algo em torno de R$ 600 milhões ao Sistema Único de Saúde. A maioria das vítimas será formada por homens jovens, mortos ou feridos em acidentes de trânsito ou brigas ocasionais, em qualquer caso protagonizados por pessoas alcoolizadas. Os novos dramas e números confirmarão o que as autoridades nacionais e internacionais de Saúde já sabem: o brasileiro é um mau bebedor – um “consumidor nocivo de álcool”, segundo a Organização Mundial de Saúde. E, nesta condição, será um dos principais alvos da Convenção Internacional sobre Bebidas Alcoólicas que será votada em janeiro, na Suíça, pelos quase 200 países membros da ONU.

“Os acidentes e as violências, no Brasil, configuram um problema de saúde pública de grande magnitude, que tem provocado forte impacto na morbidade e na mortalidade da população, e a sua relação com o alcoolismo está demonstrada nas mais diferentes pesquisas. Esse não é um problema exclusivo do Brasil, mas um problema que é maior no Brasil”, afirma o doutor Pedro Gabriel Godinho, da Coordenação de Saúde Mental, Álcool e outras Drogas, do Ministério da Saúde.

A OMS estima que 3,7% das pessoas mortas em todo o mundo (6,1% entre homens e 1,1% entre mulheres) foram vítimas de eventos diretamente ligados ao consumo de álcool. Teriam sido 2,3 milhões, em 2002. No Brasil, a proporção está muito acima desta média. Acidentes e agressões somam 12% dos óbitos, segundo o relatório Saúde Brasil divulgado na semana passada. Desses 12%, uma proporção assustadora está relacionada à bebida. No caso de acidentes, estudo realizado em 2005 pela Associação Brasileira de Medicina de Trânsito mostrou que 96% dos motoristas tinham bebido mais do que a lei permite, e 43% deles beberam quantidade três vezes maior do que a permitida. No caso de agressões, o Sistema de Vigilância de Violência e Acidentes do Ministério da Saúde mostrou que 37% das vítimas (44% entre homens) estavam alcoolizadas.

Isso não significa que os brasileiros bebam mais do que qualquer outro povo. Nosso consumo médio anual, de 12 litros por pessoa, é bem menor, por exemplo, do que o dos ingleses, dos franceses e dos alemães, que bebem 15 litros. Mas o fator de risco no Brasil, calculado pela OMS, é maior. Estamos no grupo dos bebedores mais perigosos, ao lado dos russos, afegãos, bolivianos, peruanos, mexicanos, sul-africanos e etíopes. Já os ingleses, franceses e alemãos integram o grupo dos bebedores mais pacíficos, junto com os japoneses e os australianos.

“É uma questão de cultura e de intervenção do Poder Público. Não passa pela cabeça de um japonês ou de um alemão dirigir depois de beber. É o inverso do que ainda acontece por aqui. Numa pesquisa que realizamos com jovens universitários do Rio de Janeiro e de São Paulo, 31% responderam que dirigem mesmo bebendo pouco, 6% disseram que dirigem mesmo bebendo muito e 78% relataram que, na roda de amigos, com freqüência, alguém dirige depois de beber. A Lei Seca já produziu algum efeito porque as pessoas ficaram com medo de serem pegas e sofrerem as penalidades. Mas ainda temos uma longa caminhada para mudar de fato o comportamento”, constata o coordenador do Ministério da Saúde.

A convenção que será votada em janeiro pela OMS já foi aprovada por grande parte dos países membro da Organização, inclusive o Brasil, em reuniões preliminares regionais. Mas ainda encontra resistências pontuais, especialmente dos países produtores de rum, como Cuba e Jamaica, onde a indústria de bebidas tem peso significativo na economia. Mas o doutor Pedro Gabriel destaca que, ao contrário da Convenção sobre o Fumo, que tem meta clara de reduzir o consumo, o acordo internacional sobre as bebidas alcoólicas não proporá que as pessoas deixem de beber, mas que o façam sem se expor e sem expor a sociedade a riscos. Ela tratará principalmente de propaganda, acesso de menores à bebida, preço e sistema de atenção integral aos dependentes.

Lucia Leão

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